A
HISTÓRIA DA RCA FM
A RCA
FM surgiu com o intuito de atender a comunidade através dos diversos
programas apresentados na sua grade. A novidade surge por volta do mês de Março
de 1998, já no dia 10 de Agosto do mesmo ano o sistema de radiodifusão
comunitário entra no ar em sua fase experimental, aguardando tão somente a
regulamentação do serviço em Areial através da Lei 9.612/98, só no mês de
Dezembro daquele ano foi que iniciamos com uma grade programação da RCA FM,
neste período a Sede funcionava na Rua Antonio Barbosa Alves. EM 2004, por
decisão do Senado Federal, foi expedido o alvará de funcionamento da emissora
no Município de Areial.
Ao longo dos anos, a RCA FM tem dado efetiva contribuição para os diversos
seguimentos da sociedade arealense, ao levar à população todas as discussões e
projetos do Poder Legislativo e as ações do Poder Executivo que têm repercussão
na vida de cada filho desta terra. Dentre as coberturas da emissora,
destacam-se ainda os plantões nas eleições municipais e também os grandes
eventos do Município.
Já passaram por aqui inúmeros
apresentadores, experientes e outros buscando o aprendizado na arte da
comunicação. Vários personagens fizeram
e ainda fazem parte da história da RCA.
A RCA FM é representada e coordenada pela Associação
Comunitária dos Moradores de Bairros do Município de Areial - ACMBMA, fundada
em 28 de Março de 1998, Entidade de utilidade pública sem fins lucrativos.
Hoje estamos instalados em Sede própria na parte alta da cidade, mais precisamente na Rua Antônio
Felix da Costa, nº 09 no Alto da Bela Vista, Areial, Paraíba, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1 Rádio: conceitos e características
2.4 Rádio comunitária: conceitos e funções
2.5 O contexto histórico das
rádios comunitárias
2.6 O conteúdo programático das
rádios comunitárias
2.7 Rádio comunitária e
cidadania
2.8 Educomunicação e rádio comunitária
3
METODOLOGIA
3.1 Projetos
de intervenção
3.2 Procedimentos
metodológicos
3.3
Planejamento e ações
3.4 Avaliação
4
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
________. Ministério das Comunicações. Portaria nº 462, de 14 de outubro de
2011. Disponível
em :<http://www.mc.gov.br/portarias/26285-portaria-n-462-de-14-de-outubro-de-2011>.
Acesso em: 10 fev. 2016.
________. Ministério das Comunicações. Rádio
Comunitária. 2012. Disponível em: <http://www.mc.gov.br/acoes-e-programas/redes-digitais-da-cidadania/170-sem-categoria/22023-radio-comunitaria> Acesso em: 05 fev. 2016.
APÊNDICES
Apêndice A
Questionário
aplicado aos membros do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável de
Areial- PB.
Apêndice B
Roteiro aberto do
primeiro Sintonia Rural levado ao ar em
28 de Janeiro de 2016 na Rádio Comunitária de Areial-PB.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO
DE HUMANIDADES
UNIDADE
ACADÊMICA DE ARTE E MÍDIA
CURSO
DE GRADUAÇÃO EM
COMUNICAÇÃO SOCIAL
VANDA ELIZABETH BALBINO
O PAPEL DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NA GERAÇÃO
DE CIDADANIA
Campina Grande
2016
VANDA
ELIZABETH BALBINO
O PAPEL DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NA GERAÇÃO
DE CIDADANIA
Trabalho de conclusão de
curso de graduação, apresentado à Unidade Acadêmica de Arte e Mídia da
Universidade Federal de Campina Grande, como requisito parcial para obtenção de
título de bacharel em
Comunicação Social com linha de formação em Educomunicação.
Orientadora: Afonsina Maria
Guersoni Rezende
Campina Grande
2016
VANDA ELIZABETH BALBINO
O PAPEL DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NA GERAÇÃO
DE CIDADANIA
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à
Unidade de Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social
com linha de formação em Educomunicação.
Aprovado em: ____ de _______ de _____.
BANCA
EXAMINADORA
__________________________________________
Profa. Dra. Lígia
Beatriz Carvalho – UFCG
(Membro Examinador)
__________________________________________
Prof. Dr. Noujain Pereira
- UFCG
(Membro Examinador)
__________________________________________
Profa. MS. Afonsina
Maria Guersoni Rezende – UFCG
(Orientadora)
Resumo
Este projeto trabalha com os temas rádio
comunitária e educomunicação, demonstrando a importância deles no contexto
social, como instrumentos para ampliar o potencial comunicativo das classes
desfavorecidas. O objetivo geral do projeto foi desenvolver um
programa na rádio comunitária de Areial, na Paraíba, a partir dos princípios da
educomunicação, que atendesse às necessidades dos agricultores da região. A
intenção era que esse programa fosse um espaço para divulgação de informações e
participação do público alvo, ajudando essas pessoas a serem protagonistas de
sua história na conquista da cidadania. Este
projeto ainda propôs nos seus objetivos específicos, estudar os aspectos
legais e o funcionamento das emissoras comunitárias; analisar mais
profundamente os conceitos da educomunicação; fazer um levantamento sobre os
temas importantes para os agricultores da região; e avaliar a repercussão do
programa, quanto ao seu conteúdo. Em termos metodológicos o projeto se
desenvolveu através de uma sondagem informacional para conhecer os assuntos que
o público gostaria que fossem abordados no programa, e uma pesquisa de
avaliação para saber os resultados que o programa estava alcançando. Os resultados da pesquisa e a ampla
participação dos ouvintes confirmaram que o programa teve boa receptividade e
que cumpriu seu papel de dar vez e voz aos agricultores, ampliando a
comunicação entre eles e garantindo o exercício de sua plena cidadania.
Palavras-chave: Rádio comunitária. Educomunicação. Cidadania.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A cidadania nos remete a
direitos e deveres do povo de uma nação. Os movimentos sociais ganharam força
através da comunicação popular, na qual as pessoas pertencentes a grupos
marginalizados conquistaram espaço para divulgar suas ações e reivindicações e
garantir seus direitosdiante da sociedade. A comunicação popular abriu espaço
para o cidadão se manifestar, dando-lhe vez e voz, nesta perspectiva
colaborando para geração da cidadania.
As rádios comunitárias foram
regularizadas, no Brasil, em 1998,
a partir da lei 9.612. Têm como função social abrir
espaço para os diversos grupos da sociedade sem distinção de cor, raça, classe
social, orientação sexual, partidospolíticos e segmentos religiosos, disseminando
o conhecimento e divulgando a cultura, o entretenimento eas informações, de
forma a desenvolver as comunidades em que elas se localizam. (PERUZZO, 2005)
Os estudos sobre a relação entre educação e comunicação, que
vão fundamentar o campo da educomunicação, surgiram privilegiando o ambiente
escolar, mas, logo se percebeu que não se aprende apenas nesse contexto:
Aprende-se também por intermédio dos meios de
comunicação, na vivência cotidiana, nos relacionamentos sociais, nas reuniões
das equipes, nas práticas comunicativas no âmbito da comunicação comunitária,
nas oficinas visando melhoria do trabalho no rádio popular, ou seja, por
dinâmicas de educação informal e não-formal. É neste âmbito que acontece a
educomunicação comunitária. (PERUZZO, 2007, p.11)
A atuação de uma emissora comunitária aproxima-se dos
conceitos educomunicativos à medida que busca contribuir para ampliar os
direitos à comunicação das pessoas de modo geral, dando espaço para que elas sejam
protagonistas na construção do desenvolvimento social de suas comunidades.
A rádio comunitária de Areial -
PB foi fundada em 1998, para facilitar a participação dos diversos segmentos
sociais na discussão dos temas em favor do
desenvolvimento local e da geração de cidadania. Minha atuação na
emissora iniciou-se voluntariamente em 2007, quando comecei a apresentar um
programa informativo. No decorrer do curso de Comunicação Social da UFCG,
comecei a perceber que os fundamentos da educomunicação poderiam contribuir
para que o papel social da emissora se fortalecesse ainda mais. Em novembro de
2015, com a necessidade de criação de um espaço na programação para o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural
Sustentável (CMDRS) de Areial-PB, propus, ao diretor da emissora, um projeto
com o objetivo geral de desenvolver um programa dirigido aos produtores rurais,
que fosse baseado nos princípios educomunicativos. Em relação aos objetivos
específicos este projeto se propõe a: estudar os aspectos legais e o
funcionamento das emissoras comunitárias; analisar mais profundamenteos
conceitos da educomunicação; fazer um levantamento sobre os temas importantes
para os agricultores da região; e avaliar a repercussão do programa, quanto ao
seu conteúdo.
Em termos metodológicos, este
projeto de intervenção se desenvolve através de pesquisa bibliográfica e documental.
Para avaliação foi aplicado um questionário aos membros do conselho, com
perguntas abertas. Através do questionário pode-se ter uma visão mais ampla
sobre a opinião da comunidade em relação ao programa radiofônico.
Este relatório consiste de três
partes: a fundamentação teórica, trazendo as contribuições de autores renomados
como Luiz Artur Ferraretto, Maria Cecília Peruzzo, Ismar Soares, entre outros.
A metodologia faz a apresentação de como se desenvolveu o projeto de
intervenção e a conclusão traz reflexões sobre os resultados alcançados.
2 FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1 Rádio: conceitos e características
O rádio
é um veículo de comunicação que vem resistindo, durante décadas, ao surgimento
de novas tecnologias. Mesmo concorrendo com a televisão, que conta com o poder
das imagens para atrair as pessoas, o rádio não perdeu seu espaço na sociedade
e continua a transmitir informações elevar entretenimento aos seus ouvintes.
Seja através de um aparelho de pilha, ou ligado à energia, ou mesmo do celular,
as transmissões radiofônicas acompanham o cidadão diariamente, em uma relação
de amizade e companheirismo.
Quando
falamos em rádio, alguns conceitos precisam ser esclarecidos, dentre eles o de
radiodifusão. Pois bem, radiodifusão deriva-se do inglês broadcasting, que significa “enviar em todas as direções”. Neste
caso trata-se das ondas eletromagnéticas que são irradiadas em várias direções.
A radiodifusão refere-se a dois tipos de serviços: o sonoro (rádio) e o de sons
e imagens (televisão). (FERRARETTO, 2014).
O
conceito de rádio está além de um simples aparato tecnológico. Com o passar do
tempo, foi se acentuado a importânciadesta ferramenta no meio social, passando
de mero transmissor de ondas hertzianas a um instrumento disseminador de ideias
e conceitos na formação sociocultural da população. Meditsch (2010) citado por
Ferraretto (2014, p.18) diz que:
Há
mais de uma década, começamos a questionar o conceito de rádio atrelado a uma
determinada tecnologia, procurando demonstrar que melhor do que isso seria
pensar o rádio como uma instituição social, caracterizada por uma determinada
proposta de uso social para um conjunto de tecnologias, cristalizada numa
instituição.
Diante
do exposto partimos, então, para uma definição mais aprofundada, registrada na Enciclopédia
Intercom de Comunicação (2010), citada por Ferraretto (2014, p.18), que diz que
o rádio é um:
Meio
de comunicação que transmite, na forma de sons, conteúdos jornalísticos, de
serviço, de entretenimento, musicais, educativos e publicitários. [...] De
início, suportes não hertzianos como web
rádios ou o podcasting não foram
aceitos como radiofônicos [...]. No entanto, na atualidade, a tendência é
aceitar o rádio como uma linguagem comunicacional específica, que usa voz (me
especial, na forma da fala), a música, os efeitos sonoros e o silêncio,
independentemente do suporte tecnológico ao qual está vinculada.
Na definição acima
podemos perceber a preocupação em estabelecer que o que faz o rádio é a sua
linguagem comunicacional e não propriamente a tecnologia que o sustenta.
Para
Costa, o rádio trouxe uma comunicação diferenciada, por estimular o imaginário
dos ouvintes e fazer uma ponte entre elas e o mundo:
O
rádio inovou em termos de comunicação – invadiu as casas e passou a acompanhar
as pessoas narrando o que sucedia no mundo. Através de uma oralidade direta,
persuasiva e próxima foi conquistando uma unanimidade nova e estimulando o
imaginário dos ouvintes. (COSTA, 2013, p. 122)
Costa comenta, ainda, que o rádio foi um dos primeiros
a trabalhar a interatividade com os ouvintes “... a fala direta do
apresentador, ou speaker, estimula a
reação do ouvinte que responde de forma sincera e assídua ao apresentador.
Através de cartas, ligações telefônicas, a plateia reage.” (COSTA, 2013, p.123).
Silva e
Torrielo (2013, p. 108) apontam o rádio como democrático ao atingir “desde o
analfabeto até o intelectual, mediante programas adequados a cada classe de
ouvintes [...]”. Os autores também destacam que o rádio é companheiro em todos
os momentos, pois os ouvintes não precisam parar suas atividades, enquanto
estão acompanhando sua programação.
Ferraretto
(2014, p. 19) nos indica duas modalidades básicas de rádio: o rádio de antena
ou hertziano, “correspondendo às formas tradicionais de transmissão
eletromagnéticas;” e, mais recentemente, o rádio on-line, que “engloba todas as
emissoras operando via internet [...], além de produtores independentes de
conteúdo disponibilizado também via rede mundial de computadores.” Para o
autor, esta última modalidade, engloba: a rádio na web (estações tradicionais
que transmitem sua programação pela internet), o web rádio (emissoras que
transmitem exclusivamente pela internet) e a prática do podcasting[1].
As rádios tradicionais, quetransmitem conteúdos através de ondas
eletromagnéticas, precisam de uma autorização legal do governo para funcionar e
se dividem em comerciais, educativas e comunitárias.
As rádios comerciais se caracterizaram por serem emissoras que
visam obtenção de lucros e abrangem maior número de ouvintes. As
rádios educativas são aquelas que veiculam em sua programação apenas conteúdos
educativos e estão ligadas a universidades e ao Estado, já as rádios
comunitárias se caracterizam por ser um canal de disseminação de cidadania e
cultura nas comunidades, buscando a coletividade eabrindo espaço para aqueles
que vivem às margens da sociedade. (FERRARETTO, 2014).
Por ser um meio de comunicação de massa, que atinge um
grande número de pessoas, o rádio exerce também um papel político na sociedade.
Ele deveria ser usado para fins coletivos, mas o que vemos é que, por ter o
regime de concessão pelo governo federal, grande parte das emissoras se
concentra nas mãos de grupos políticos, que usam a força do rádio para
preservar seus interesses. Silva (2014, p.164-165) aponta que:
Transformadas em instrumento de barganha política, as
concessões de rádio são moeda corrente entre os protegidos do poder. A lista é
bem grande.Entre os mais conhecidos estão os nomes de Antonio Carlos Magalhães (presidente
do Senado), seu filho Luis Eduardo (deputado federal), Fernando Collor de Mello
(ex-presidente da República), Tasso Jereissati (governador reeleito do Ceará),
José Sarney (ex-presidente da República e senador), Inocêncio de Oliveira (deputado
federal), Geraldo Bulhões (ex-governador de Alagoas), Orestes Quércia (ex-
governador de São Paulo), Jader Barbalho (ex-governador do Pará), José Agripino
Maia (senador), Hugo Napoleão(senador), Albano Franco (ex- governador de Sergipe),
Cícero Lucena(ex-governador da Paraíba), entre outros.
O rádio é uma arma muito poderosa, pois está mais perto do
cidadão, com uma linguagem clara e objetiva. Por isto, os políticos se
apropriam deste meio com intuito de falar direto para o cidadão, ganhando sua
confiança, para tornar mais fácil a obtenção do voto.
Lobato (1995), citado por Silva (2014, p.104) lembra que:
Empresários e políticos burlam as leis registrando as
concessões em nome de parentes, garantindo o monopólio dos meios de comunicação.
O Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT) proíbe a concentração de mercado.
A legislação criada durante o regime militar determina que nenhuma pessoa ou
entidade pode ter participação em mais de dez emissoras de TV, em todo país,
das quais cinco, no máximo podem ser VHF.
Contudo esta não é a realidade no Brasil. Segundo os
autores citados acima, a família do empresário Roberto Marinho é acionista em
17 emissoras de TV, das quais 15 são em VHF.
A importância do rádio enquanto veículo de comunicação que
está presente em todos os momentos da vida das pessoas se confirma por conta de
sua flexibilidade e por ser um canal democrático de baixo custo de produção e
transmissão, por tanto tudo isto faz do rádio um instrumento indispensável na
sociedade.
2.2 A história do rádio
A transmissão radiofônica ocorre essencialmente através de
ondas eletromagnéticas, cujos estudos se originam das pesquisas de dois
importantes físicos, James Clerk Maxwell e Heinrich Hertz, no final do século
XVIII. Estes estudos sobre as ondas eletromagnéticas possibilitaram o
surgimento de várias tecnologias, dentre elas, o telégrafo sem fio, o telefone,
e o rádio. (COSTA, 2013, p. 119)
Muitos historiadores apontam o italiano Guglielmo Marconi
como criador do rádio. Segundo Costa (2013, p. 119) “em 1899, Marconi inaugurou
o telégrafo sem fio com uma transmissão que atravessava o Canal da Mancha.” Ele
patenteou a invenção e lançou a primeira estação de rádio. Ainda segundo Costa,
o padre brasileiro Roberto Landell de Moura, teria sido o precursor da criação
do rádio, chegando até a patentear a invenção, mas desistindo de suas
pesquisaspor falta de apoio governamental.
Silva e Toriello nos falam sobre o
surgimento do rádio, como meio de comunicação:
A primeira transmissão radiofônica foi realizada em Pittsburgh,
nos Estados Unidos, no ano de 1920, pela Companhia Westinghouse. No início da
década de 1930, as técnicas se aperfeiçoaram. Os estúdios onde foram instalados
os microfones e reunidos músicos, artistas e locutores encontravam-se na
cidade, enquanto os centros emissores estavam instalados fora dela. A potência
dos postos aumentou e o número de ouvintes também, transformando o rádio em um
veículo de informação e propaganda. (SILVA e TORIELLO, 2013, p. 100-101)
Na segunda guerra mundial, o rádio se fez presente levando
informações e servindo de instrumento de persuasão. Quem melhor explica sobre o
uso do rádio na segunda guerra mundial, são Golin e Abreu (2006, p. 74),
relatando que:
A crença nas suas potencialidades não ficava somente na
manifestação de subordinados ou nos ouvintes que encontravam no rádio uma
companhia e, sobretudo, uma forma de inserção social. Os líderes nazistas
apostavam no veículo para manter o ânimo das tropas, entusiasmar a população e
destruir moralmente os adversários. Com a guerra no auge, os alemães ouviam no
rádio os discursos convincentes e animadores do Ministro da Propaganda.
Na
década de 1960, o rádio tem uma importante transformação em sua tecnologia com
o surgimento do transistor, segundo Haussen (2004, p.3) “[...] a disseminação
do transístor, na década de 60, seria outro grande momento da radiofonia, uma
vez que permitiria a criação do rádio portátil, e, como consequência, a
libertação do "espaço fixo" do veículo, em geral na sala de jantar,
papel ocupado, depois, pela televisão”.
Haussen
(2004, p.3) também aponta outros dois avanços na tecnologia, que trouxeram
mudanças importantes para o rádio: a introdução da Frequência Modulada (FM),
que ocorreu no Brasil, na década de 1970 e a possibilidade transmissão via
satélite e pela internet, nos décadas de 1980 e 1990. O surgimento das
emissoras FM trouxe uma segmentação maior de programação. A transmissão via
satélite permitiu que as emissoras ampliassem seu alcance, atingindo locais
mais distantes e isolados geograficamente.
No Brasil, relatos revelam que o rádio surgiu por volta de
1892, tendo por precursor o padre Roberto Landell de Moura, que através de
válvula fez uma transmissão radiofônica. (SILVA e TORRIELO, 2013).
A primeira transmissão oficial só aconteceu por volta de
1922, quando foi transmitida uma homenagem ao centenário da Independência do
Brasil, na Praia Vermelha no Rio de Janeiro, através de um sistema de
alto-falante. Porém a primeira emissora de rádio a ser fundada, foi a Sociedade
do Rio de Janeiro, por Roquete Pinto, em 1923.
Foi no final da década de 1920, que o rádio começou a deixar
para trás sua fase amadorística:
No final da década de 1920, o rádio buscava o caminho da
profissionalização. A maior parte das emissoras passava a irradiar seus
programas todos os dias da semana. Novas empresas de radiodifusão formavam-se,
iniciando projetos revolucionários que conquistaram definitivamente o público
ouvinte, transformando o rádio em um elemento indispensável em todos os lares.
A Rádio Sociedade Record, de São Paulo, foi uma delas. (CALABRE, 2002, p. 8)
Na década de 1930, em seu primeiro mandato como presidente
da república, Getúlio Vargas já demonstrava como o rádio poderia ser usado como
instrumento político:
[...]
Getúlio Vargas no seu primeiro período como presidente do Brasil - 1930/1945 -
governou sob forte cunho nacionalista, influindo sobre os meios de comunicação
ao buscar impor o seu projeto político que incluía a unificação nacional. Em 1º
de maio de 1937 já destacava o valor que daria ao rádio, na mensagem enviada ao
Congresso Nacional que anunciava o aumento do número de emissoras no país.
(HAUSSEN, 2004)
Também, na década de 1930 surge a Rádio Nacional do Rio de
Janeiro, que anos mais tarde seria estatizada no governo Getúlio Vargas e que
foi considerada um marco na história do rádio no Brasil, pois apresentava uma
estrutura bastante moderna, tanto no sentido tecnológico, quanto de programação:
[...]
um marco seria a criação da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 1936, que se
tornaria um modelo e marcaria presença em todo o território nacional através de
sua programação. Principalmente após 1940, quando foi encampada pelo governo
Getúlio Vargas, junto com o espólio da antiga Companhia de Estrada de Ferro São
Paulo-Rio Grande e as empresas a ela pertencentes. Entre estas estavam a Rádio
Nacional, o jornal A Noite e a Rio Editora. Desde então, a emissora passaria a
contar com o apoio financeiro do governo e da publicidade comercial. Este fato
faria com que pudesse dispor da tecnologia mais avançada da época, dos melhores
artistas, radialistas e técnicos, tornando-se um paradigma por vários anos. (HAUSSEN,
2004)
Tanto no Brasil, quanto no mundo em geral, o rádio tem uma
história rica de fatos e acontecimentos que se confundem com a própria história
da sociedade. Suas características lhe permitiram se firmar como companheiro de
todas as horas, levando informação e entretenimento, mas não deixando de ser
usado também para disseminar interesses de grupos minoritários poderosos.
2.3 A linguagem
radiofônica e suas características
Não diferente dos demais meios de comunicação, para
produzirno rádio é preciso mais que uma forma de expressão, é necessário um
conjunto de signos e códigos os quais formam a linguagem radiofônica. Segundo
Ferraretto (2014, p.30) “a linguagem radiofônica engloba outros elementos além
da oralidade que, como o próprio texto expressado na voz, se prestam a diversas
variações, podendo- e devendo-, conforme o caso, estabelecer articulações entre
si”.
Balsebre (1996), citado por Reis (2012), apresenta a
definição e os elementos que formam a linguagem radiofônica:
[...]
o conjunto de formas sonoras e não sonoras representadas pelos sistemas
expressivos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio, cuja
significação é determinada pelo conjunto de recursos técnico-expressivos de
reprodução sonora e o conjunto de factores que caracterizam o processo de
percepção sonora e imaginativo-visual dos radiouvintes. (BALSEBRE, 1996, apud
REIS, 2012, p. 4)
A linguagem radiofônica não se resume naquilo que ouvimos
ou escutamos do aparelho do rádio, ela expressa uma realidade construída
através dos vários recursos como a voz, a música e os efeitos sons, abrindo-nos
para o mundo. Segundo Reis (2012, p.4) “a linguagem radiofônica, com
todos os seus recursos expressivos, espelha, constrói e recria a realidade
sonora que nos envolve, devolvendo-nos aos ouvidos os sons do mundo.”.
Os autores nem sempre concordam ao listar
os elementos da linguagem radiofônica. Para Ferraretto (2014, p. 31) a
linguagem radiofônica é composta por quatro elementos que são a voz, a música, os
efeitos sonoros e o silêncio que têm a função de prender a atenção dos ouvintes.
Por
outro, de acordo com Reis (2012, p. 5) são usados quatro elementos na linguagem
radiofônica, palavra, música, efeitos sonoros e silêncio, com objetivo de
seduzir os ouvintes.
Esses elementos podem ser usados de forma combinada,
dependendo da exigência do conteúdo que estará sendo levado aos ouvintes, não
se faz o rádio apenas com a oralidade. Para Reis:
A linguagem radiofônica é o que resulta não da
utilização isolada de cada um dos componentes, mas do seu conjunto. Não é uma
mera soma de todos os elementos, antes resulta da sua interação. Os quatro são
produtos sonoros e, como tal, a análise da linguagem radiofônica não pode
limitar-se apenas à linguagem oral. Isso tornaria o meio mais pobre, mais
limitado, menos imaginativo-visual, menos expressivo. A capacidade expressiva
da linguagem radiofónica não pode ser reduzida a um simples sistema semiótico
da palavra, todos os recursos fundamentam o sentido simbólico, estético e
conotativo da linguagem radiofônica. (2012, p. 5-6)
Por ser um elemento usado com frequência na emissão
radiofônica, à voz ocupa um lugar de destaque e, muitas vezes, deixa os demais elementos
passarem despercebidos. Segundo Ferraretto (2014, p.32) “a voz aparece com mais
frequência em rádio, possui alto poder comunicativo, carregando parte
significativa do conteúdo da mensagem.”.
As
características da voz se classificam em altura, intensidade e qualidade ou
timbre. Quanto à altura, a voz pode ser grave (mais associada ao homem) ou
aguda (associada mais com a mulher); No que se refere à intensidade, a voz
varia entre forte e fraca. Qualidade ou timbre é se a voz é mais agradável,
abafada, chorosa, nasal, etc. (SOARES, PICCOLOTTO, 1991 apud FERRARETO, 2014).
Para Reis (2012) a palavra reproduz a realidade, estimula a
imaginação e provoca sensações. Ela é responsável pela nossa socialização,
através dela nos comunicamos, interagindo e nos aproximamos das outras pessoas.
Ferrareto
(2014, p. 32-33), citando Martinez-Costa e Unzueta (2005) apresenta as diversas
funções da palavra:
(1) Enunciativa
ou expositiva – quando apresenta dados objetivos e concretos.
(2) Programática
– quando a palavra dá unidade ao discurso.
(3) Descritiva
– quando usada para descrever cenários e personagens.
(4) Narrativa
– quando a palavra é usada para representar uma ação no tempo e no espaço.
(5) Expressiva
ou emotiva – quando é usada para indicar emoções.
(6) Argumentativa
– ao ser usado para defender ideais e opiniões.
Outro elemento importante na radiofonia é a música que tem o
poder de despertar emoções variadas ou de reforçar a emoção contida na voz.
Reis (2012, p.5) cita que “a música representa um caso particular de
comunicação não figurativa, constituída por elementos abstratos. Expressa e
conduz o ouvinte a estados de alma.”.
De acordo com Mello Vianna (2014, p. 233):
Consideramos que a
música possa ser utilizada com a intenção de imprimir emoções, intensificar a
dramaticidade da voz ou criar paisagens sonoras − por meio da associação com
imagens que fazem parte da memória do ouvinte − de forma que a peça radiofônica
sugira determinados sentidos para esse ouvinte.
Ferrareto (2014, p. 33), citando Haye (2004), apresenta as
funções da música:
(1) Gramatical – quando a música é usada para separar os
diversos momentos da programação.
(2) Descritiva – quando é usada para ajudar retratar aquilo que
se está narrando.
(3) Expressiva – quando ela cria uma ambientação.
(4) Complementar ou de reforço – ao completar ou aperfeiçoar o
conteúdo.
(5) Comunicativa – ao ser usada como uma música autônoma.
Efeitos sonoros seriam sons produzidos, através de
diferentes objetos, ou digitalmente, que podem levar o ouvinte a imaginar
determinadas situações. Por exemplo, uma folha de zinco, quando balançada na
frente do microfone, sugere o som de uma tempestade. Reis (2012,
p. 5) afirma que “os efeitos sonoros reproduzem uma imagem concreta do
desenvolvimento sonoro de um acontecimento, produzem uma sensação de realidade,
isto é, têm a função de tornar o que se ouve verossímil.”.
Segundo Ferrareto (2014, p. 34), os
efeitos sonoros foram muito usados no início dos anos 1930, quando surgiu a
dramaturgia radiofônica. Primeiramente com processos mecânicos, e com o passar
do tempo, foram substituídos por gravações em fita cassete e disco de vinil, e
hoje conta-se com suportes digitais, que possibilitam maiores eficácias nas
produções dos efeitos.
Mesmo sendo um instrumento de transmissão
de sons, no rádio é possível usaro silêncio. Esse elemento também compõe a linguagem
radiofônica. Para Reis (2012, p.5) “o silêncio é um tempo em que
não se produz som, pelo menos perceptível aoouvido humano, mas aqui o
imaginário atua ainda mais já que o silêncio oferece um momento de grande
expressividade sujeito a múltiplas interpretações.”. Mello Vianna (2014, p. 236) diz que, “o silêncio
é um elemento constituinte da peça radiofônica que sugere sentido pela oposição
aos demais elementos de uma peça.”.
Como foi visto a linguagem radiofônica não trata apenas de
transmissão de vozes, outros elementos são essenciais para levar sentido ao
conteúdo veiculado aos ouvintes. Os elementos, embora vistos separadamente,
atuam conjuntamente, tornando mais completa a experiência vivida pelos radiouvintes.
2.4 Rádio comunitária: conceitos e funções
O rádio é um veículo que cria uma intimidade grande com seu
ouvinte. A rádio comunitária usa desta vantagem para promover a cidadania,
trazendo informações importantes para a vida em sociedade.
As rádios comunitárias são emissoras que não visam lucros, atuam
junto às comunidades, levando informação e cidadania para aquelas pessoas que
vivem à margem da sociedade. De acordo
com Peruzzo:
As rádios comunitárias têm grande importância em
várias partes do mundo, das Américas à Ásia. Sempre são vistas como fator de
desenvolvimento social e, às vezes, recebem apoio dos governos locais por
intermédio de programas específicos, de organizações não-governamentais, de
igrejas, universidades e/ou da Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO).(2006, p. 6)
O papel da rádio comunitária vai além da simples transmissão
de conteúdos, ele objetiva levar informação, cultura, entretenimento e
desenvolvimento. A Lei 9.612/1998, que rege a radiodifusão comunitária,
descreve mais detalhadamente quais são os objetivos de uma emissora comunitária:
Rádios Comunitárias são
órgãos de mídia social que prestam serviços radiofônicos através de fundações e
associações comunitárias sem fins lucrativos, criadas com objetivo de levar às
pequenas comunidades, informação, cultura, entretenimento, lazer e tudo que
contribua no desenvolvimento comunitário, sem discriminação de raça, religião,
sexo, convicções político-partidárias e condições sociais, a qual abre
oportunidade para divulgação de ideias, manifestações culturais, tradições e
hábitos sociais se apresentando como alternativa na sociedade, aproximando o
cidadão da comunicação, dando vez e voz as classes menos favorecidas. (BRASIL,
1998)
Berti (2007, p. 1) ressalta que as rádios comunitárias se
diferem das rádios tradicionais, pois “atuam principalmente enfocando assuntos
das comunidades, dos grupos marginalizados, dos grupamentos e segmentos sociais
não contemplados pelas mídias tidas como convencionais”.
Esse instrumento midiático
contribui na conscientização e na formação crítica do cidadão, veiculando
conteúdos socioeducativos, que fazem as pessoas refletirem sobre os temas da
comunidade em que vivem. Ruas enfatiza:
Criada com o objetivo de
suprir necessidades ou promover melhorias na qualidade de vida de determinado
segmento da população, a rádio comunitária promove a conscientização, a
educação não formal e o desenvolvimento de consciência crítica. Essas pequenas
rádios tentam construir nova e mais moderna forma de se comunicar: emissão e
recepção mais próximas do cidadão e de sua realidade. (2002, p.40)
Enquanto
as rádios convencionais visam essencialmente o lucro, através da veiculação de
mensagens comerciais, as rádios comunitárias abrem espaço para a comunidade manifestar
suas necessidades, dando voz e vez às pessoas comuns, que não têm tanta
visibilidade para a grande mídia.
2.5 O contexto histórico das
rádios comunitárias
As primeiras emissoras de rádio a surgir tinham um caráter
mais comercial. O conceito de rádio comunitária não é muito antigo, embora
existissem anteriormente algumas iniciativas que já traziam aspectos dessa
mídia, que faz uso de conteúdo socioeducativo e cidadão.
Antes do surgimento das rádios comunitárias existiram outros
tipos de emissoras que atuavam sem regularização, tais como, as rádios livres,
as rádios periféricas e as rádios piratas. Peruzzo (1998, p.2) diz que as
“rádios livres são emissoras que entram no ar, ocupam um espaço do dia, sem
concessão, permissão ou autorização de canal por parte do Governo, sendo,
portanto caracterizadas como ilegais”. Já Santos (2014, p. 87) salienta que as
rádios periféricas são aquelas instaladas, em um determinado país, com objetivo
de transmitir uma programação ideológica, para ser disseminadas em outras
nações.
As rádios piratas se
diferenciam das emissoras livres e das periféricas, de acordo com Machado et al (1987) citado por Santos (2014,
p.86-87):
As rádios piratas eram aquelas que emitiam
sinais de rádio diretamente de barcos na costa de países europeus onde a
publicidade era proibida nas emissoras estatais – as únicas existentes até
então. Como os transmissores ficavam situados dentro de barcos, e estes
estampavam bandeiras, acabavam lembrando os antigos navios piratas. Daí o
surgimento deste rótulo.
Peruzzo (1998) citado por Santos (2014, p. 87) “pressupõe
que a primeira rádio livre tenha sido uma emissora sindical que, em 1925, foi
ao arna Áustria”. No entanto Ghedini (2009) citado por Luz (2011, p.1) diz que,
talvez a primeira rádio comunitária do mundo tenha surgido em 1947, na
localidade de Boyacá na Colômbia. Já na Bolívia, no ano de 1965, existiam 23 rádios
livres/ comunitárias.
No Brasil, Santos (2014, p. 89) citando Meliani (1995),
relata que, “em 1931, o publicitário Rodolfo Lima Martensen colocou no ar uma
rádio não autorizada no município de Rio Grande de São Pedro, no Rio Grande do
Sul”. A Rádio Cultura AM de São Paulo, segundo o autor citado, também entrou no
ar, em 1933, sem autorização.
Mas não foram esses acontecimentos que deram início ao
movimento das rádios livres no Brasil. Segundo Peruzzo, o início das rádios
livres no Brasil coincide com a época do regime militar, na década de 1970:
No Brasil, as rádios livres começaram a aparecer
nos anos setenta, numa época em que o regime militar estava em vigor e os meios
de comunicação de massa estavam, de forma predominante, nas mãos de pessoas ou
grupos privilegiados com a concessão de canais, por decisão unilateral do Poder
Executivo Federal. (PERUZZO, 1998, p.3)
Ainda segundo a autora, a criação da rádio Paranóica, em
Vitória, no Espírito Santo, marcou o surgimento deste movimento no Brasil.
Com a expansão das rádios livres, vários grupos sociais
começaram a perceber a força deste instrumento para divulgação e mobilização
das pessoas em torno de suas causas. Peruzzo relata que:
Também houve experiências de rádios
em sindicatos e nos movimentos comunitários. Os bancários de São Paulo, que em 1981/1982
haviam adquirido prática com o sistema de alto-falantes móveis, puseram no ar,
em 1985, a
Rádio Teresa, com 120 watts de potência. Em Ermelino Matarazzo ,
na zona leste da capital paulista funcionou a Rádio Patrulha que passou o
microfone à comunidade. (1998, p.4)
De acordo com Luz (2011, p.1-2), “o Brasil foi um dos
últimos países da América Latina a embarcar nas ondas da rádio comunitária”. O
autor ainda ressalta que essas rádios surgiram no Brasil com base em três
conceitos de emissoras:
1)
Rádios revolucionárias; Aquelas de oposição
política, com uma ideologia esquerdista, que mobilizava o povo e a resistir às
opressões.
2)
Rádios controladas pela igreja católica, apesar
de ter um sentido político, fazendo oposição ao poder dominador, elas
divulgavam a doutrina católica. A rádio Sutatenza, na Colômbia, tida como a
primeira rádio comunitária, nos seus primórdios, era dominada pela igreja
católica.
3)
Rádio livre: essas emissoras não tinham um
padrão definido, lutavam pela democratização da comunicação. Boas partes destas
rádios hoje pertencem às universidades.
Na década de 1990, as rádios livres se expandiram por todo
país, chamando atenção dos órgãos governamentais, no sentido de uma
regulamentação. No ano de 1996, o Congresso Nacional, através de projeto de
lei, propõe a regulamentação do serviço de radiodifusão comunitária no Brasil.
A partir da lei 9.612/98, as rádios livres passam ser oficialmente chamadas de
rádios comunitárias. Costa diz que:
O avanço das rádios livres, bem como a constante
presença da pauta da radiodifusão comunitária nas reuniões dos conselhos e
congressos de comunicação do Estado brasileiro, forçou o governo a regulamentar
o cenário de radiocomunicação no Brasil. A alternativa encontrada acabou sendo
a elaboração da lei 9.612, de 19 de fevereiro de 1998, votada pelo Congresso
Nacional e sancionada pelo então presidente da república, Fernando Henrique
Cardoso. (2011, p.2)
O serviço de radiodifusão comunitária foi criado pela Lei
9.612, de 1998 e regulamentado pelo Decreto 2.615 do mesmo ano. Em seu texto, a
lei determina que as emissoras comunitárias podem apenas transmitir em frequência
modulada (FM), com potência máxima de 25 Watts, o que faz com elas tenham
uma alcance de apenas um quilômetro quadrado. (BERTI, 2007, p. 3). Na prática,
algumas emissoras conseguem atingir até mais.
Para Costa (2011) foi
através da regularização do serviço de radiofonia comunitária, que as pequenas
emissoras encontraram a oportunidade de exercer seu trabalho regionalizado e
democrático. Além disso, com a regulamentação, diversas emissoras comunitárias
foram implantadas no país. Segundo informações do Ministério das Comunicações
(2011), há 4.377 rádios comunitárias outorgadas no
Brasil.
As rádios comunitárias no Brasil, hoje, são presença
marcante nas pequenas cidades, nos bairros das periferias das grandes cidades
atuando como interventoras, levando informação, gerando cidadania e abrindo
oportunidades para aqueles que mais precisam.
2.6 O conteúdo programático das
rádios comunitárias
Como já vimos, as rádios comunitárias se diferenciam das
rádios tradicionais em vários aspectos, na programação também há essas
diferenciações. Enquanto as rádios comerciais veiculam programas, com intuito
de atrair o maior número de ouvintes e desta forma conseguir maior lucro, as emissoras
comunitárias não buscam geração de lucros. Seu objetivo principal consiste na
veiculação de informações de interesse da comunidade, em que estão inseridas.
Para Costa:
Enquanto a programação das mídias tradicionais
capitalistas tem o objetivo de massificar a sua programação, a fim de tentar
atingir todos os públicos para a maior obtenção de dividendos financeiros, a de
uma rádio comunitária é particularizada direcionada e objetiva, buscando
atingir um público específico (2011 p. 3-4).
A programação das rádios comunitárias deve se pautar pela ética,
respeitar os valores familiares e prestar à população um serviço de utilidade
pública, além de contribuir no aperfeiçoamento profissional de jornalistas e
radialistas. De acordo com o Ministério das Comunicações (2012):
A programação sempre deve respeitar sempre os
valores éticos e sociais da pessoa e da família, prestar serviços de utilidade
pública e contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação
dos jornalistas e radialistas. Além disso, qualquer cidadão da comunidade
beneficiada terá o direito de emitir opiniões sobre quaisquer assuntos
abordados na programação da emissora, bem como manifestar idéias, propostas,
sugestões, reclamações ou reivindicações.
Para melhor entendimentode como se dá essa diferença da
programação das rádios comunitárias e as rádios comerciais, Costa (2011, p. 04)
apresenta um quadro comparativo:
CONTEÚDO
DA PROGRAMAÇÃO
|
|
Mídias
Tradicionais
|
Rádios
Comunitárias
|
Conteúdo
massificado
|
Conteúdo
direcionado
|
Predomina
jornalismo informativo
|
Predomina
jornalismo interpretativo
|
Comunicadores
com formação acadêmica,
mas que se
comunicam de forma préprogramada,formal, mas sem afetação
|
Comunicadores
sem formação acadêmica,
mas se
comunicam de forma espontânea,coloquial, mas com afetação
|
Informação
em escala nacional e mundial
|
Informação
em escala local
|
Predomina
a cultura de massa
|
Predomina
a cultura local
|
Transforma
conhecimento em informação
|
Transforma
informação em conhecimento
|
Notícias
da macroeconomia
|
Notícias
da microeconomia
|
A
informação chega “de cima para baixo”e é vertical (das instituições ao povo)
|
A
informação chega “de baixo para cima” eé horizontal (do povo às instituições)
|
Propaganda
e publicidade mercadológicas
|
Propaganda
e publicidade institucionais
|
Presença
de jornalismo opinativo
|
Ausência
de jornalismo opinativo
|
Notícias
negativas dos movimentos sociais (como o MST)
|
Notícias
positivas dos movimentos sociais
|
Ausência
de conteúdo religioso (exceto oshorários pagos)
|
Presença
de conteúdo religioso
|
Com esse quadro podemos identificar os principais aspectos diferenciadores
entre as emissoras comerciais e comunitárias. Também podemos compreender melhor
a dinâmica programática de cada emissora, que se adapta ao seu público, com
viés diferenciado, ou seja, uma voltada para geração de lucros ea outra voltada
para geração de cidadania.
Quanto aos conteúdos veiculados nas rádios comerciais e
rádios comunitárias, cada uma apresenta suas particularidades. As rádios
comerciais abordam em suas programações assuntos de interesse de todos, com uma
abrangência maior, atingindo todos os públicos de maneira indiscriminada. O
conteúdo religioso só está presente na emissora comercial, se for um horário
pago. Já nas emissoras comunitárias, os assuntos abordados são de interesse local,
direcionados a um determinado público, como por exemplo, sindicatos, igrejas,
grupos étnicos, etc.
Enquanto as emissoras comerciais possuem em seus quadros
comunicadores com formação acadêmica, como jornalistas, publicitários e
radialistas, nas rádios comunitárias não há essa exigência. Ali, o quadro de comunicadores
é composto por pessoas da comunidade, que utilizam o conhecimento popular e uma
linguagem simples, de fácil compreensão, para repassar informações que sejam
transformadas em conhecimentos, que promovam transformações na comunidade.
As rádios comerciais se mantêm com a venda deespaços
publicitários. Nas emissoras comunitárias são entidades sem fins lucrativos. Na
programação de uma rádio comunitária é proibido à veiculação de propagandas ou
horários pagos. Essas rádios dependem de apoios culturais da comunidade em que
está inserida. Os recursos arrecadados nesses apoios são usados para o
pagamento de contas como luz, água, telefone e para manutenção dos equipamentos,
quando necessário. Segundo a portaria 462/2011, do Ministério das Comunicações,
apoio cultural é:
A forma de patrocínio
limitada à divulgação de mensagens institucionais para pagamento dos custos
relativos à transmissão da programação ou de um programa específico, em que não
podem ser propagados bens, produtos, preços, condições de pagamento, ofertas,
vantagens e serviços que, por si só, promovam a pessoa jurídica patrocinadora,
sendo permitida a veiculação do nome, endereços físico e eletrônico e telefone
do patrocinador situado na área de execução do serviço.
As emissoras comerciais
dificilmente tratam dos movimentos sociais como algo positivo. Por exemplo, as
notícias veiculadas sobre MST- Movimento dos Sem Terra, sempre são repassadas à
sociedade com uma imagem negativa, dando a entender que esse grupo é formado
por pessoas criminosas. Por outro lado, as emissoras comunitárias desfazem essa
imagem negativa dos movimentos sociais, valorizando as ações e conquistas
desses grupos.
Pelo que vimos, há grande
diferença entre o conteúdo veiculado pelas rádios comerciais e pelas emissoras
comunitárias. A partir do momento que cada uma tem um objetivo específico, suas
programações terão também características diferenciadas. Mesmo que as duas
tenham funções sociais, as rádios comunitárias têm sua programação voltada para
promoção da cidadania.
2.7 Rádio comunitária e
cidadania
A razão de ser de uma rádio comunitária é dar voz às
pessoas, garantindo sua participação e levando informação que se traduza em
conhecimento para todos da comunidade. Cidadania é a palavra de ordem de uma
emissora comunitária.
Cidadania antigamente estava ligada a ideia de que apenas as
pessoas que tinham dinheiro ou poder, eram consideradas cidadãos. A partir do sec.
XVIII com as revoluções americana e francesa, o conceito de cidadania adquiriu
caráter libertário, no qual todos são detentores de direitos. Soares relata que:
A noção de cidadania
contemporânea implica que os cidadãos têm certos direitos, começando pelos
políticos, como o de votar e de ser votado, que são negados ou apenas
parcialmente estendidos a estrangeiros e outros não-cidadãos residentes em um
país. Trata-se de uma construção histórica, em expansão, ligada hoje a muitos
aspectos da vida, significando o acesso dos cidadãos à saúde, à educação, à
previdência, à cultura, à comunicação, etc. (2008. p.2).
Marshall (1967), citado por Peruzzo (2002),
argumenta que a cidadania engloba três tipos de direitos, os civis, os
políticos e os sociais:
O elemento civil é
composto dos direitos necessários à liberdade individual: liberdade de ir e
vir, liberdade de expressão, pensamento e fé, o direito à
propriedade e o direito à justiça. Tais direitos estão sob a alçada do poder
judiciário. Por elemento político da cidadania se deve entender o
direito dos indivíduos de participar do exercício do poder, como membros de um
organismo investido de autoridade política ou como eleitores de tais membros.
As instituições correspondentes são o parlamento e os conselhos do governo
local. O elemento social da cidadania se refere a tudo o que vai do
direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar
na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões
que prevalecem na sociedade. As instituições mais ligadas com ele são os
sistemas educacionais e de serviços sociais.
Peruzzo (2002) acrescenta a esses tipos de direitos, uma
nova categoria, chamada de direitos de terceira geração, que diferente dos
outros, não se relaciona às pessoas individualmente, mas sim à coletividade.
Entre esses direitos da
terceira geração estariam também os dos “novos movimentos sociais” como
direitos relativos a interesses difusos, direito do consumidor, direito à
ecologia, direito à qualidade de vida, direito da terceira idade, direito das
crianças, dos jovens etc. (PERUZZO, 2002)
Como foi visto a cidadania garante ao povo de uma nação, o direito
social, político e civil, no entanto vale salientar que todo cidadão tem também
suas obrigações perante a pátria. O povo tem o direito de escolher seus
representantes, porém tem o dever de votar e escolher esses governantes com
responsabilidade, pensando na coletividade.
Temos o direito de usufruir daquilo que a constituição nos
garante como, saúde, educação, moradia, segurança etc., todavia é dever de
todos zelar pelos bens públicos, preservar o meio ambiente e pagar os impostos.
É direito de todos, ter acesso à comunicação, ir e vir, seguir
uma religião, porém são deveres dos cidadãos, respeitar a opinião dos seus
semelhantes, respeitar a legislação do seu país, respeitar as diferenças religiosas,
culturais, sexuais. Cidadania é ter os direitos garantidos, mas também cumprir seus
deveres como cidadãos.
Mesmo sendo o direito à cidadania, garantido na constituição
federal de 1988, Peruzzo (2009, p.35) relata que “no Brasil, a cidadania
existe, mas não para todos”, isso fica claro quando ainda é necessário que
pessoas ou grupos oprimidos se mobilizem para garantir seus direitos. A maior
prova desta afirmação são os componentes do MST- Movimento dos Sem Terra, que
há décadas lutam para conseguir o direito à terra.
Um dos pilares da cidadania na sociedade moderna é a
presença dos movimentos sociais. Não é de hoje que pessoas se organizam em
grupos para lutar pelos seus direitos. Com a expansão do capitalismo e do
desenvolvimento industrial, surgiu, nas grandes cidades, grupos que sentiram a
necessidade de lutar por melhores condições de vida, principalmente aqueles que
eram explorados em seus trabalhos. Essas pessoas começaram reivindicar
melhorias salariais, carga horária de trabalho mais justa, equipamentos etc.. Segundo
Costa (1988), foi na década de 1970, que o termo “movimentos sociais” surgiu no
Brasil.
Para Peruzzo movimentos populares são:
[...] Manifestações e
organizações constituídas com objetivos explícitos de promover a
conscientização, a organização e a ação de segmentos das classes subalternas,
visão satisfazer seus interesses e necessidades, como o de melhorar o nível de
vida, através do acesso as condições de produção e de consumo de bens de uso
coletivo e individual; promover o desenvolvimento educativo-cultural das pessoas;
contribuir para preservação e recuperação do meio ambiente; assegurar a
garantia de poder o direito a participação
política na sociedade e assim por diante. Em última instância, pretendem
ampliar a conquista de direitos de cidadania, não somente para pessoas
individualmente, mas para o conjunto de segmentos excluídos da sociedade. (PERUZZO
2007, p.1)
Costa (1988) salienta que, ao tomarem conhecimento
dos seus direitos sociais e políticos, as pessoas marginalizadas, buscam os
movimentos sociais, para conseguir o espaço que elas têm direito na sociedade,
criando caminho para conquista e preservação da cidadania.
A Declaração Universal dos
Direitos Humanos, da ONU, expressa que todos os cidadãos têm direito à
comunicação. Esse direito não se reduz apenas a liberdade de expressão, mas a
todas as formas de participação do sujeito nos meios de comunicação. Peruzzo (2007)
afirma que os meios comunitários são os que permitem a participação dos
cidadãos, pois estão mais ao alcance das pessoas do que a grande mídia. Segundo
a autora esses meios:
[...] se situam no ambiente em que as pessoas
vivem, conhecem a localização e podem se aproximar mais facilmente. Processo que é facilitado quando a comunicação se realiza a
partir de organizações das quais o cidadão participa diretamente ou é atingido
por suas ações. Segundo, porque se trata de uma comunicação de proximidade. Ela
tem como fonte a realidade e os acontecimentos da própria localidade, além de
dirigir-se às pessoas da “comunidade”, o que permite construir identificações
culturais. (PERUZZO, 2007,p.20)
Perruzzo (2007) mostra como são
os níveis de participação das pessoas nos meios de comunicação: como simples
receptores de informação, participação na forma de entrevistas, pedidos de
música etc., participação na produção e difusão de mensagens, participação no
planejamento de políticas do meio comunicativo e participação na gestão, ou
seja, no controle de um meio de comunicação comunitário. Para a autora, “a
participação das pessoas pode tanto se concretizar apenas em seu papel como
ouvintes, leitores ou espectadores, quanto significar o tomar parte dos
processos de produção, planejamento e gestão da comunicação.” (2007, p.21).
A comunicação comunitária tem
um papel fundamental na promoção da cidadania, pois ela ajuda a comunidade a
refletir sobre seus problemas, contribui na reivindicação de direitos negados
pelos governantes, abre espaço para denúncias e contribui para educação das
pessoas da comunidade. (PERUZZO, 2007, p 22).
Dentre os vários veículos que
se intitulam meios de comunicação comunitários estão às rádios comunitárias.
Essas emissoras devem estar compromissadas com a melhoria de vida das pessoas
da comunidade, através do desenvolvimento local, além de fazer elas se conscientizarem
de seus direitos e deveres, gerando a cidadania. Peruzzo (2006, p.06), cita
que, “a razão de ser do meio comunitário de comunicação está baseada no
compromisso com a melhoria das condições de existência e de conhecimento dos
membros de uma “comunidade”, ou seja, na ampliação do exercício dos direitos e
deveres de cidadania”.
O conceito de desenvolvimento está
ligado à criação de condições favoráveis para uma determinada comunidade, que
melhore suas condições sociais. Para Peruzzo esse termo não deve estar
relacionado apenas a aspectos econômicos e geração de renda:
[...] desenvolvimento quer dizer avanço na
qualidade de vida, quer dizer ampliação dos direitos de cidadania e pressupõe:
a) a igualdade de acesso aos bens econômicos e culturais; b) possibilidades de
participação política – desde participação nas pequenas associações até nos
órgãos dos poderes públicos; c) usufruto das benesses geradas a partir da
riqueza produzida socialmente e redistribuída por meio de salários e dos
serviços de educação, saúde, transporte, segurança, tecnologias de comunicação
etc. (PERUZZO, 2006, p.6).
A autora citada apresenta as funções que as
rádios comunitárias possuem:
É justamente no processo
de mobilização para a ampliação da cidadania que as rádios comunitárias têm
relevante papel a desempenhar. Elas podem contribuir efetivamente para o avanço
do desenvolvimento social e local a partir de várias maneiras, desde os
conteúdos que divulgam até a participação no próprio processo de fazer rádio.
(PEREZZO, 2006, p.7)
Peruzzo (2006, p 8-10), ainda relata que essa contribuição
das emissoras comunitárias, na geração de cidadania, acontece de várias
maneiras:
a) Por meio
do exercício da liberdade de expressão do cidadão e das organizações coletivas.
b) Permitindo
que as pessoas da comunidade participem da gestão da rádio, de forma que a
emissora não corra o risco de ficar nas mãos de uma só pessoa.
c) Na
abertura de espaços para participação dos cidadãos, na programação da rádio, na
diretoria, no conselho, nas assembleias etc.
d) Na criação
de rede de repórteres populares.
e) Na
veiculação de conteúdos de interesse público.
f) No
fornecimento de entretenimento respeitando as diferenças das pessoas (idade,
cor, gênero, nacionalidade, crenças, escolaridade, condição financeira etc.).
g) Na
formação profissional, oferecendo treinamento por meio de cursos de curta
duração a membros da comunidade, tornando-os mais capacitados para atuarem na
emissora.
h)Abrindo
espaço para que as pessoas da comunidade possam avaliar a programaçãoda emissora.
i) Levar
ao conhecimento das pessoas, outros fatos que não forem gerados, na comunidade,
com intuito de contribuir para aumentar o nível de informação e consciência
crítica.
Com tudo que foi visto, percebe-se a importância das rádios
comunitárias no contexto social, quando essas funcionam dentro dos preceitos
regulatórios estabelecidos pela legislação da radiodifusão comunitária. Porém,
nem tudo são flores, existem muitos problemas que causam o enfraquecimento das
emissoras comunitárias.
Para Luz (2011, p.
11-12) grande parte das rádios comunitárias não têm programas elaborados com
criatividade, o radiojornalismo é iniciante e os programas musicais são cópias
daqueles veiculados nas rádios comerciais. O autor identifica quatro fatores responsáveis
por esses problemas:
a)
Culturais. Como as emissoras comerciais surgiram
em primeiro lugar, eles serviram de modelo para as rádios comunitárias.
b)
Problemas financeiros. Além da falta de recursos
financeiros que faz que com as rádios comunitárias funcionem com equipamentos
precários, não há recursos para remunerar os que prestam serviços a essas
emissoras.
c)
Falta de capacitação. Os que atuam nas rádios
comunitárias, em sua grande maioria, desconhecem o potencial político, social e
cultural dessas emissoras.
d)
Falta de movimento organizado. Segundo Luz
(2011, p. 12) “[...] se hoje tem rádio comunitária de todo tipo (comercial,
evangélica, católica, sem classificação) é porque falta uma mobilização no
setor. São poucas as entidades confiáveis.”.
Dentro
ainda deste contexto, Peruzzo (2007) ressalta que existem rádios intituladas de
comunitária, mas que exercem funções de rádios comerciais e religiosas. Outras
estão a serviço de políticos ou de dirigentes que usam a emissora em proveito
próprio.
No caso do rádio, por exemplo, há emissoras de
matizes diferentes sob o rótulo de comunitária: Algumas são operadas como
negócio comercial; outras são religiosas; outras estão a serviço de políticos
profissionais; há também aquelas operadas por entusiastas do rádio e do
trabalho comunitário, mas que acabam por desenvolver o personalismo de suas
lideranças, dificultando o envolvimento da população; mas existem também
aquelas de caráter público vinculadas a organizações comunitárias e a
movimentos sociais. (PERUZZO, 2007, p.3)
Nem sempre essas rádios têm suas funções
exercidas de forma correta. Porém, mesmo com essas questões, não se pode negar
que esse veículo de comunicação, quando funcionando dentro dos parâmetros da
lei, traz muitos benefícios à comunidade, já que é um canal que está diretamente
ligado aos cidadãos.
2.8 Educomunicação e rádio comunitária
A educomunicação é uma área que envolve a educação e a
comunicação, dentre os seus objetivos está à formação de sujeitos críticos em
relação às mídias. O uso da comunicação na educação não é algo recente, esse
assunto vem sendo discutido há décadas. De acordo com Freitas (2015), a
utilização da comunicação no processo de aprendizado vem dos anos de 1960, com Paulo
Freire, que já reconhecia a importância dessa ligação.
Na América Latina, os métodos desenvolvidos pelo jornalista
argentino Mário Kaplún foram importantes para o avanço da educomunicação. Freitas
afirma que:
Dentre os vários trabalhos desenvolvidos por
Mário Kaplún, também podemos destacar outros, que foram igualmente de grande
importância e contribuição para a Comunicação e para Educação: o método de
leitura crítica e o método do Cassette-Foro. O método Cassette-Foro
desenvolvido por Mário Kaplún, tinha como objetivo o uso da comunicação, bem
como dos meios, para a organização popular, ou seja, grupos organizados,
comunidade de bairro, associações, sindicatos, e outros ligados à classe
trabalhadora. O objetivo do projeto principal não era apenas produzir programas
para serem veiculados na programação da rádio comercial, mas sim contribuir
para que o povo da América Latina tivesse voz e vez. (FREITAS, 2015, p.153)
Várias experiências de Kaplún foram disseminadas na América
Latina, principalmente as oficinas para formação de comunicadores populares.
Além da contribuição de Kaplún para o surgimento da
educomunicação, outros fatores foram primordiais, como o surgimento das
tecnologias midiáticas, que levou a necessidade de se trabalhar alternativas para
preservação dos valores envolvendo educadores e familiares, na busca de orientá-los
sobre a influência da mídia na vida da criança e do jovem. De acordo com
Almeida (2016, p.2):
[...] Surgiram publicações impressas periódicas,
como rádio, a TV e as digitais. Em suportes diversos como computadores e
plataformas móveis. Conforme surgiram foram se infiltrando no cotidiano social.
O problema é que elas não só questionavam a ordem e os valores morais
existentes, mas também os conceitos vigentes de cultura e arte eruditas,
provocando abalo nas crenças familiares e sociais, motivando discussões sobre a
qualidade de sua contribuição para sociedade.
Na América Latina, a educomunicação surgiu alertando as
pessoas, no período da ditadura, para a invasão de produtos culturais estrangeiros
que colocava em risco a cultura nacional, assim como o uso descriminado das
mídias em favor do governo. (Almeida, 2016). A autora ainda salienta que
educadores, comunicadores sociais e pessoas da sociedade civil se uniram para
conscientizar as comunidades do seu potencial, na luta pela liberdade junto a
seus opressores, dando-lhes voz através da comunicação.
Na década de 1980,
a UNESCO empregou o novo termo educomunication, como significado Media Education, para indicar as ações da educação em relação ao
impacto dos meios de comunicação na formação de crianças e jovens. (SOARES,
2011)
Ainda de acordo com o Soares (2011), entre os anos de 1997 e
1999, especialistas de 12 países da América Latina, participaram de uma
pesquisa realizada pelo NCE/USP (Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade
de São Paulo). Esta pesquisa foi responsável para identificar práticas que
uniam comunicação e educação, mas que se diferenciavam por objetivar a transformação
da sociedade civil, gerando cidadania.
Foi através dessa pesquisa que o termo “educomunicação”
começou a ser usado oficialmente. A educomunicação está voltada para melhorar
os ecossistemas comunicativos, ou seja, seu objetivo básico é gerar um contexto
em que as pessoas interajam e se relacionem de forma democrática e
participativa. Soares define educomunicação como:
Para tanto, defino,
inicialmente, a educomunicação como sendo o conjunto das ações inerentes ao
planejamento, implementação e avaliação de processos e produtos destinados a
criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos, melhorar o
coeficiente comunicativo das ações educativas, desenvolver o espírito crítico
dos usuários dos meios massivas, usar adequadamente os recursos da informação
nas práticas educativas, e ampliar a capacidade de expressão das pessoas (SOARES,
s/d, p.1).
A pesquisa do NCE/USP
identificou algumas categorias de atividades, no campo da comunicação e
educação, que foram chamadas de áreas de intervenção. Soares (2011, p. 47)
define áreas de intervenção como “[...] ações mediante as quais, ou a partir
das quais, os sujeitos sociais passam a refletir sobre suas relações no âmbito
da educação.” O autor ainda indica quais as áreas de intervenção da
educomunicação:
A primeira destas
“áreas” – mais antiga e fundante – é a própria (1) educação para a comunicação.
Seguem outras, como (2) a expressão comunicativa através das artes; (3) a
mediação tecnológica nos espaços educativos;(4) a pedagogia da comunicação;(5)
a gestão da comunicação nos espaços educativos e, como mão poderia faltar;(6) a reflexão epistemológica
sobre a própria pratica em gestão. (SOARES, 2011, p. 47)
Em artigo para a revista
Comunicação e Educação, Soares (2014) acrescenta mais uma área de intervenção:
produção midiática.
A área de educação para comunicação refere-se às atividades
que buscam formar receptores críticos frente às mensagens dos meios de
comunicação. A área de expressão comunicativa através das artes abrange segundo
Soares (2014) “[...] práticas que valorizam a autonomia comunicativa das
crianças e jovens mediante a expressão artística – arte-educação.” A área de mediação
tecnológica trata do uso das tecnologias da informação na educação. A área de
pedagogia da comunicação, segundo Almeida (2016, p.12) refere-se ao uso “da
comunicação para facilitar a construção de conhecimento.” A área de gestão da
comunicação está voltada para o planejamento e a execução dos processos para
melhorar os ecossistemas comunicativos. A área de produção midiática, segundo
Soares (2014), consiste em “ações, programas e produtos da mídia elaborados a
partir do parâmetro educomunicativo”. A área de reflexão epistemológica abrange
os estudos e reflexões sobre a área da educomunicação.
A educomunicação se caracteriza por promover o protagonismo
das pessoas, fazendo com que elas se tornem atores de sua própria história.
Busca também o diálogo e o empoderamento das classes sociais oprimidas. Segundo
Freitas:
[...] as práticas educomunicativas constituem-se
como espaço para o debate de direitos sociais e das minorias, fomentando a
constituição de políticas públicas e ações a elas correlatas como estratégias
de intercâmbio e diálogo entre comunidades e o fortalecimento da organização
interna de segmentos sociais. (2015, p. 158)
Volpi e Palazzo (2010, p.7) ressaltam que “educomunicação é
uma forma de conhecer e compartilhar o conhecimento usando estratégias e
produtos de comunicação pressupondo o compartilhamento livre das informações,
dentro da ideia de que o conhecimento é para todos”.
Na dinâmica da educomunicação
podemos dizer que as rádios comunitárias são veículos de comunicação
disseminadores da prática educomunicativa, pois estão voltadas às classes
desfavorecidas abrem espaço para as pessoas participarem da gestão, do
planejamento e avaliação de sua programação e são canais geradores da educação informal.
Peruzzo relata que:
[...] a rádio
comunitária contribui para o desenvolvimento, tanto pelas operações econômicas
que desencadeia, como pelos conteúdos que transmite e pelo aprendizado que
proporciona àqueles que participam do processo de planejamento, criação,
transmissão de mensagens e de gestão da mídia popular e alternativa. Portando,
gera a educomunicação comunitária, processo que se refere às inter-relações
entre Comunicação e Educação informal (adquirida no dia-a-dia em processo não
organizado) e não-formal1 (formação estruturada e pode levar a uma
certificação, mas difere da educação formal ou escolar). (2007, p.11)
Nas rádios comunitárias os
participantes são pessoas da comunidade que se envolvem no processo midiático, aprendendo
um com o outro, buscando o aperfeiçoamento dos seus conhecimentos através de
práticas socioculturais. De acordo Peruzzo:
[...] na comunicação
comunitária ocorre um significativo processo de educomunicação na perspectiva
do desenvolvimento integral da pessoa. Estas observações sobre a importância da
comunicação comunitária como fator educativo não são meras suposições. Já foram
evidenciadas em muitas experiências concretas, das quais são mostrados
fragmentos a seguir, segundo as falas de seus protagonistas. (2007, p.12)
Estão comprovados que as emissoras comunitárias têm vários
propósitos que coincidem com os da educomunicação. Ambas atuam no contexto
social, em prol de grupos menos favorecidos, fazendo com que as pessoas
adquiriram papel de protagonistas na condução de suas comunidades, levando
conhecimento que represente transformação social.
3
METODOLOGIA
3.1 Projetos
de intervenção
Este projeto de intervenção foi desenvolvido na rádio comunitária
de Areial, (87.9 FM), localizada na rua Antonio Felix da Costa, nº 09, centro
do Município de Areial, na Paraíba.
Essa emissora comunitária está ligada à Associação
Comunitária dos Moradores de bairro do Município de Areial. Foi fundada em 28
de março de 1998, porém só entrou no ar em agosto do mesmo ano, em fase experimental.
(RÁDIO COMUNITÁRIA FM, 1998, s/p).
A emissora é uma empresa sem fins lucrativos, políticos ou
religiosos, que tem por objetivo, ter um relacionamento especial com a
comunidade e isto deve estar refletido na sua programação, “priorizando a
informação, a formação, o entretenimento, a valorização cultural e históricadas
pessoas e do cotidiano da comunidade Arealense.” (RÁDIO COMUNITÁRIA FM, 1999,
p.1).
A rádio opera na frequência 87.9 FM, seguindo as normas
estabelecidas pela lei 9.612/98 da radiodifusão comunitária. Sua diretoria
atual está representada por Alexandro Soares da Costa, que foi sócio fundador,
assim como um dos responsáveis pela abertura da rádio em Areial. A emissora
funciona de 06h00min da manhã às 22h00min diariamente. Sua grade é composta por
programas de cunhos informativo, educativo, sindical, religioso, esportivo, institucional
(poder executivo e legislativo) rural e musical.
A emissora possui uma sede própria, com dois estúdios, equipados
com mesa de controle de áudio, computadores, telefones e outros equipamentos necessários
para seu funcionamento. O alcance de sua transmissão atinge todo o munícipio de
Areial – PB, tanto na zona urbana, quanto rural. A equipe de comunicadores é
composta por pessoas da comunidade arealense, com níveis de escolaridade
variando entre o fundamental, médio e superior, que fazem parte dos diversos
segmentos da sociedade, como professores, pastores, sindicalistas, agricultores,
jornalistas, radialistas e estudantes.
A cidade de Areial
está localizada no Agreste da Paraíba, a 180 km da capital. Possui 6.470 habitantes
(segundo de 2010) e ocupa uma área territorial de 35 Km² (IBGE, 2016). A maioria dos habitantes é constituída
de famílias de agricultores. O município de Areial já foi conhecido como “terra
da batatinha”, pois este era o produto mais cultivado na região. Hoje boa parte
da população pratica a agricultura familiar, tirando seu sustento da terra. Foi
pensando em contribuir com esse público, ou seja, os agricultores, que planejei
um projeto de intervenção voltado para área rural.
O objetivo deste projeto é desenvolver um programa
radiofônico, fundamentado nos conceitos da educomunicação, de forma que este
seja um canal aberto para a participação do público ouvinte (agricultores,
líderes comunitários e outros), oferecendo quadros que incentivem a interação
entre os receptores, promovendo a cidadania e a cultura local.
O presente projeto se insere na área de intervenção da
educomunicação de produção midiática. De acordo com Soares (2014, p. 138), esta
área refere-se a “produtos, ações, programas e produtos da mídia elaborados a
partir dos parâmetros educomunicativos. ” Para Almeida (2016, p.15) esta área
"enquadra-se no ambiente da comunicação mediada em que emissor e receptor
não estão fisicamente presentes no mesmo local, a mensagem flui por meio de um
suporte tecnológico como: telefone, computador, televisão, rádio, papel, entre
outros.” A autora acrescenta que um projeto nesta área precisa se pautar pelos
critérios educomunicativos, para que ao "promover o conhecimento crítico
se nutra de: princípios democráticos e valores como a cidadania, a
solidariedade, a criatividade, o diálogo horizontalizado." (ALMEIDA, 2016,
p.15)
Além da produção é preciso ter o entendimento de como
aquele canal poderá ajudar no desenvolvimento da comunidade, estudar as
melhores práticas a serem adotadas que facilite o entendimento do público algo
e que esses consigam captar informações e as transforme conhecimento.
3.2 Procedimentos
metodológicos
Quanto a sua natureza a pesquisa referente a este projeto
se classifica como aplicada, pois através do assunto em discussão buscamos
obter mais conhecimento sobre o tema “rádio comunitária” para aplicação no
projeto de intervenção. Para Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa aplicada tem
por objetivo gerar conhecimentos para solucionar problemas específicos,
envolvendo interesses locais.
Do ponto de vista dos objetivos, essa pesquisa se
classifica como exploratória, pois buscou levantar dados iniciais para o aprofundamento
sobre o tema abordado. De acordo com Prodanov e Freitas uma pesquisa
exploratória ocorre:
Quando
a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar
mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua
definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da
pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou
descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as formas
de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. (2013,
p.51-52)
Do
ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa se classifica como
bibliográfica e documental, pois
adota características dessas duas modalidades.
Dentro do conceito da pesquisa bibliográfica, foram consultados
materiais publicados em livros, revistas, na internet e outros, com a
finalidade de nos enterreirarmos sobre o tema da pesquisa. (PRODANOV e FREITAS,
2013, p.54).
Além da
pesquisa bibliográfica, outras fontes foram utilizadas para maior embasamento
do tema, como consulta às leis e decretos sobre radiodifusão comunitária, o
estatuto e regimento da rádio comunitária de Areial-PB. Este procedimento
caracteriza também a pesquisa como documental de fonte de primeira mão,
definido por Gil (2008),citado por Prodanov e
Freitas (2013, p.56), “como os que não receberam qualquer tratamento
analítico, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos,
diários, filmes, fotografias, gravações etc.”.
A técnica utilizada na obtenção de dados para a avaliação do
projeto de intervenção foi um questionário com perguntas abertas, que segundo
Prodanov e Freitas (2013, p.109) são perguntas que o informante responde
livremente, sem um direcionamento do entrevistador.
3.3
Planejamento e ações
O produto midiático deste projeto de intervenção
educomunicativa consistiu de um programa radiofônico, transmitido pela rádio
comunitária de Areial - PB, no horário das 17 às 18 horas, às quintas-feiras,
que recebeu o nome de “Sintonia Rural”[2] . Este
programa foi ar pela primeira vez no dia 28 de janeiro de 2016 e, até hoje
(maio de 2016), continua sendo veiculado.
As rádios comunitárias são canais que abrem espaço para
grupos sociais. Nesta perspectiva, o presidente da RCA FM – Areial -PB, em
conversa com os conselheiros do CMDRS (Conselho Municipal de Desenvolvimento
Rural Sustentável) - Areial disponibilizou um espaço, na emissora, para que os
integrantes do conselho e principalmente os agricultores do município, tivessem
um programa direcionado a eles.
Apesar de, na emissora, já
existirem programas de responsabilidade de entidades como o sindicato rural e
EMATER, que tratam de assuntos relacionados com o contexto rural, sentia-se a
necessidade de um programa que falasse a linguagem do agricultor de maneira
mais simples e que tratasse não só de assuntos técnicos.
Como presidente de uma associação rural, em Areial - PB, eu
participei de uma reunião, em novembro de 2015, em que foi discutida a proposta
de criação de um espaço para o CMDRS, na grade de programação da emissora. Nesta época, eu estava em busca de um tema
para meu Trabalho de Conclusão de Curso. Foi então que surgiu a ideia de criar
um programa para o Conselho, usando como base os conceitos da educomunicação,
campo de estudo do curso de Comunicação Social da UFCG (Universidade Federal de
Campina Grande). Em conversa com o diretor da emissora, expressei minha
intenção de utilizar o programa no meu projeto de conclusão do curso. A
proposta foi colocada para apreciação dos outros membros do Conselho, em 28 de
dezembro de 2015, e, por unanimidade, foi aprovada.
Em janeiro de 2016, em reunião do Conselho, foi discutido
com os conselheiros que tipo de informação eles achavam importante ser
divulgado no programa. Na sua totalidade foram sugeridos temas sobre as
políticas públicas destinadas ao homem do campo, temas ligados a problemas
sociais, como falta de água eos cuidados no uso de agrotóxicos, além de dicas
para prevenções a doenças. Também foi sugerido que as comunidades tivessem o
espaço para divulgar seus trabalhos e avisos. Ficou estabelecido que o programa
não deveria se tornar palco de politicagem, ou seja, que todos fossem vistos
como iguais, independente de partido político, religião ou classe social.
Depois de conversas com o diretor da emissora e com
orientadora deste Projeto de Intervenção, foi definido que, em termos de
conteúdo, o programa Sintonia Rural consistiria dos seguintes quadros, não
perdendo de vista o compromisso com a participação direta do ouvinte:
1) O quadro Fala
agricultor: espaço em que as pessoas participam enviando mensagens de voz
ou texto, através do SMS[3], WhatsApp[4],
facebook[5]ou
ligando para o telefone fixo da rádio. Elas são atendidas ao vivo e podem
apresentar as demandas de suas comunidades, críticas, reivindicações, soluções etc.
2) Quadro Momento cultural:
neste espaço o agricultor participa enviando sugestões de música e/ou poesia, curiosidades
em geral, tradições regionais e fatos que relembrem algum momento de suas
vidas. Neste quadro há também participação ao vivo.
3) Quadro Entrevista do
Dia: neste quadro participam pessoas representantes de ONGs ou do poder
público e outros especialistas, que falam sobre temas de interesse do setor
agrícola, sobre projetos e problemas sociais como falta d’ água, produtos
transgênicos, agrotóxicos etc.
4) Quadro Notícia e você:
aqui são divulgados notícias do contexto local, estadual e nacional, quando há
relevância para o agricultor. Também são dados avisos dos representantes das
entidades que compõe o CMDRS. Este é um espaço para serviços de utilidade
pública.
5) Quadro Em dia com a saúde:
neste quadro são abordados temas sobre hábitos saudáveis, uso de plantas
medicinais e problemas que afetam a saúde do homem do campo. O ouvinte participa
enviando sugestões e perguntas pelo WhatsApp.
6) Direito garantido: Neste quadro são abordados temas sobre os direitos dos
trabalhadores rurais, documentações pessoais, documentação de legalização da
terra, de financiamentos, aposentadorias rurais e outros benefícios.
O programa “Sintonia Rural” é
veiculado na rádio comunitária de Areial 87.9 FM, todas as quintas-feiras, tem
a produção, apresentação e sonoplastia estão sob minha responsabilidade. A direção
é de Alexandro Soares (diretor da emissora), com participação do presidente do
Conselho, Edinaldo Cabral e do coordenador local da EMATER-PB, José Paulino da
Silva. O programa segue um roteiro aberto, incluindo os quadros descritos
anteriormente. Contudo, dependendo da semana, nem todos os quadros são
veiculados, principalmente quando há a presença de entrevistados, o que ocupa
boa parte do tempo do programa.
Na primeira audição foi explicado para os ouvintes como
seria a dinâmica do programa Sintonia Rural. Além disso, foram abordados temas
como o Garantia-Safra (ação do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar – Pronaf), abastecimento de água, distribuição de
sementes, aragem de terra e o Programa Viva Água, do governo do Estado da
Paraíba. Esses assuntos foram complementados com a entrevista com o prefeito do
município de Areial - PB, Cícero Pedro Meda de Almeida e o do diretor de
Agricultura, Omar Jales. Também participaram desse primeiro programa, o presidente
do Conselho e o Coordenador da EMATER local.
Os ouvintes participaram ativamente dessa primeira audição,
através do telefone e mensagens no WhatsApp e SMS. Alguns ouvintes questionaram
sobre como estava acontecendo o abastecimento de água nas comunidades rurais,
sobre o prazo para quitação do boleto do Garantia-Safra assim como quais as
políticas públicas que o gestor do município estava realizando em favorda
agricultura, no município de Areial-PB.
A participação dos ouvintes é um dos pontos fundamentais
que direcionam as ações do Programa Sintonia Rural e é o que indica que ele
está sendo educomunicativo. Essa participação acontece através do telefone fixo
da emissora, do WhatsApp, seja como mensagem de áudio ou de texto, do SMS, do Facebook
ou pessoalmente no estúdio. Semanalmente recebemos várias mensagens que
incentivam a continuação do programa e que relatam a importância desse canal
para a comunidade. Muitos ouvintes comentam que o programa cumpre um papel
social importante eque abre espaço para a comunidade participar sem restrições.
Quando há entrevistados, os ouvintes participam deixando
perguntas ou comentários. Vários temas abordados no programa tiveram grande repercussão,
como o do Garantia-Safra, em que os agricultores interagiram
tirando suas dúvidas sobre o processo, desde a inscrição até o recebimento do
benefício.
Outro
assunto que também teve grande repercussão foi sobre o CAR- Cadastramento Ambiental
Rural, que está acontecendo em
todo Brasil , mas que muitos agricultores ainda não tiveram
como realizá-lo. As principais dúvidas dos ouvintes eram sobre quem deveria
fazer ecomo fazer esse cadastro. Os agricultores que já haviam feito o cadastro
também participaram do programa, explicando os procedimentos. Assim o programa
serviu como intermediário entre as duas partes (aqueles que não sabiam e
aqueles que tinham o conhecimento), cumprindo seu objetivo de levar informação
relevante para a comunidade.
3.4 Avaliação
Embora
a participação dos ouvintes estivesse acontecendo em todos os programas com
várias manifestações positivas, decidimos fazer uma avaliação mais estruturada
para conhecer os resultados que o programa estava alcançando. Para tanto
elaboramos um questionário (Apêndice A), com quatro perguntas abertas. O
questionário foi respondido por doze, dos vinte e dois membros do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural
Sustentável (CMDRS) de Areial-PB, que reúne os representantes dos agricultores
da região.
A partir de uma abordagem qualitativa pudemos perceber que:
(1) A
maioria ouve o programa todas as semanas. Duas pessoas responderam que ouvem,
mas não toda semana, sendo que uma delas declarou que, por conta do trabalho,
não consegue sintonizar o programa semanalmente.
(2) Ao
serem interrogados sobre se ouviram, em suas comunidades, comentários sobre o
programa e se esses comentários eram positivos ou negativos, a maioria foi
unânime em dizer que as pessoas falaram positivamente sobre o programa.
(3) Quando
questionados sobre se o programa estava atendendo às expectativas, todos foram
categóricos em dizer que sim.
(4) No que
se refere às sugestões para melhorar o programa, um pouco menos que a metade
dos conselheiros afirmou que nada precisava mudar, o restante fez as seguintes
sugestões: incluir no quadro Momento da Cultura a participação de repentistas e violeiros; incentivar maior
participação dos presidentes das associações rurais e dos agricultores, através
de entrevistas; aumentar o tempo do programa para 1h30 min de duração. Um
conselheiro pediu para alterar o horário, pois às 17h00min ele está trabalhando
e não tem como escutar o programa.
A pesquisa através do questionário foi de grande
importância para mostrar que o programa está tendo boa receptividade entre os
agricultores e seus representantes. Mostrou também que este é um procedimento
que devemos adotar com frequência, pois assim poderemos monitorar os resultados
do nosso trabalho e identificar o que deve ser melhorado ou modificado. As
sugestões em relação ao conteúdo serão trabalhadas para se incorporarem ao
programa, deixando-o cada vez mais interativo e dinâmico, sempre tendo em vista
o compromisso em incentivar a participação e as decisões democráticas.
4
CONCLUSÃO
As rádios
comunitárias são canais que abrem espaço para os grupos desfavorecidos da
sociedade, sem fazer distinção de classe social, partido político, credo
religioso, orientação sexual e etnia. Essas emissoras são porta-vozes da
cidadania, pois estão mais perto das comunidades em que estão inseridas. Em sua
programação são veiculados assuntos que dizem respeito à realidade local,
fazendo com que as pessoas se tornem protagonistas das melhorias alcançadas nas
suas comunidades. Através do conteúdo levado pelas rádios comunitárias, os
membros das comunidades conseguem identificar seus direitos e deveres e podem
ser transformar em cidadãos conscientes.
A
educomunicação diz respeito às práticas que ampliam o potencial comunicativo
das pessoas, através do diálogo, do empoderamento e da participação
democrática. Portanto, as rádios comunitárias são campo de atuação privilegiado
para o educomunicador.
Este projeto
de intervenção teve por objetivo desenvolver um programa, na
rádio comunitária de Areial-PB, voltado para a classe rural, utilizando como
base os conceitos da educomunicação.
A rádio
comunitária de Areial – PB tem tido papel importante como meio de comunicação para
comunidade local. Desde sua fundação, vem promovendo a integração da população
local, através de programas de cunho educativo, abrindo espaços para o povo
participar e manifestar suas opiniões e necessidades, resgatando a cultura
local e regional.
Pelo que se observou, através
das mensagens dos ouvintes e da pesquisa com os conselheiros, o programa
Sintonia Rural, fruto deste projeto de intervenção, conseguiu atingir seus
objetivos. O conteúdo veiculado está dentro da perspectiva dos ouvintes e o
espaço é totalmente aberto para a participação da comunidade. Embora o projeto
se encerre com a apresentação para a banca do trabalho de conclusão do curso, o
programa terá continuidade, graças à boa repercussão que teve na comunidade.
Ele comprovou que os fundamentos da educomunicação são viáveis e podem ser
aplicados para a promoção da cidadania, com o uso de uma rádio comunitária.
Este projeto
de intervenção me deu a oportunidade de colocar em prática conceitos teóricos
vistos durante o curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Campina
Grande. Em 2007, quando comecei a atuar na emissora, minha visão da comunicação
popular e do potencial de uma rádio comunitária era bastante restrita.
O projeto de
intervenção me possibilitou ampliar os conhecimentos sobre o papel social de
uma emissora comunitária. Compreendi também que a educomunicação pode fazer a
diferença em comunidades como a de Areial, que, por ser do interior, precisa de
veículos de comunicação que levem o conhecimento de forma simples, sem usar de
mecanismos para alienar as pessoas e que as mobilize na busca de seus direitos,
para que assim possam realmente exercer sua cidadania.
Há relação forte
entre a educomunicação e os sentidos de uma emissora comunitária. As duas
buscam inserir as pessoas no contexto social por meio da comunicação
participativa, que abre espaço para aqueles que vivem a margem da sociedade se
manifestarem nas suas necessidades.
Na
continuidade do trabalho sempre buscarei guiar pelos princípios da
educomunicação, incentivando a participação dos ouvintes, mostrando que eles
são os verdadeiros donos do programa e cobrando das autoridades competentes,
medidas para melhorar as condições de vida dessas pessoas. As tomadas de
decisões devem ser democráticas, sempre levando em conta o empoderamento dos
indivíduos.
É
gratificante poder implantar algo que ajudea melhorar a vida das pessoas da
minha cidade. Creio que a melhor forma de aprender é colocar em prática o
conhecimento adquirido em favor daqueles que mais precisam.
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APÊNDICES
Apêndice A
Questionário
aplicado aos membros do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável de
Areial- PB.
1.
Você ouve o programa com frequência?
2.
Na sua comunidade, você ouviu
alguém comentando sobre o programa? Os comentários em geral foram positivos ou
negativos?
3.
Você acha que o programa está
atendendo às expectativas?
4.
Quais sugestões você daria
para melhorar o programa?
Apêndice B
Roteiro aberto do
primeiro Sintonia Rural levado ao ar em
28 de Janeiro de 2016 na Rádio Comunitária de Areial-PB.
Programa
Sintonia Rural
1-Abertura
do Programa (Vinheta)
Apresentador; Considerações iniciais.
Participante 1; considerações
iniciais
Participante 2; considerações
iniciais
2-
Fala Agricultor
Ouvinte no ar.
Apresentador- mensagens dos
ouvintes enviadas através do Whatsaap, Facebook, SMS
3-
Entrevista do dia
Considerações iniciais do
Entrevistado
Apresentador; Pergunta aragem
de terra
Entrevistado ; resposta
Participante 1; comentário sobre o tema abordado.
Pergunta do ouvinte sobre o
Garantia safra
Resposta do entrevistado
Apresentador; Pergunta sobre
abastecimento d’água na zona rural
Resposta do entrevistado
Pergunta do Ouvinte instalação
das caixas de água do programa Viva Água
Resposta do entrevistado
Participante 2; Comentário
sobre distribuição de sementes
Entrevistado comentário sobre
investimentos feitos no município em prol da agricultura.
4-Considerações
finais
Apresentador ; agradecimentos
aos participantes e ao entrevistado
Considerações finais do
Entrevistado
Considerações finais do
participante 1 e 2
Apresentador ; considerações
finais
Vinheta de encerramento
Trilha sonora do programa.
[1]Podcasting é uma forma de difusão de arquivos via internet, “com ele é
possível, para um ouvinte, receber automaticamente as novas edições de um
programa de rádio sem que tenha de visitar a todo o momento o site em que ele é
produzido. A cada nova edição do programa, ou podcast, neste caso, o ouvinte é
notificado e o programa é automaticamente baixado em seu computador.” (FARINACI, 2005).
[3] SMS –Serviço disponível em telefones celulares que permite o envio de mensagens curtas. SERVIÇO DE MENSAGENS CURTAS. In:
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Servi%C3%A7o_de_mensagens_curtas&oldid=45052727>.
Acesso em: 13 abr. 2016.
[4]WhatsApp - é um aplicativo
multiplataforma que permite o enviou de mensagens de texto, vídeos, chamada de
voz, imagens para smartphones. WHATSAPP. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia
Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=WhatsApp&oldid=45315357>.
Acesso em: 13 abr. 2016.
[5]Facebook - é um site e serviço de rede social
operado e de propriedade privada da FacebookIncFACEBOOK. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Facebook&oldid=45333088>.
Acesso em: 13 abr. 2016.